segunda-feira, março 22, 2010

Temperos corruptos.

Salsa, coentro, basil, pimenta do reino, algumas jalapeno peppers e nada mais do que £39.000! Tudo isso colocado numa panela à ferver tornou-se em prisão para antigo MEP. Apesar da rima de botequim, fraudar conjuga-se em qualquer tempo. Basta o indivíduo atingir uma posição importante. Um cargo onde os olhos consigam engordar o próprio boi. Aí sim, fica interessante recorrer a qualquer tipo de maracutáia. Foi isso que fez Tom Wise, ex-parlamentar britânico que fraudou o sistema de reembolso de despesas quando declarava 3.000 libras mensais para pagamento de uma secretária. Mas o dinheiro na verdade era desviado para outros fins como: carro novo, vinhos caros e despesas com cartão de crédito. Dá até pra imaginar a cara do sujeito quando da sentença: de poucos amigos, cabeça baixa, triste, quase saindo uma lágrima pelo canto do olho. Ah que nada! “...isso é uma injustiça, estou sendo acusado por uma coisa provavelmente causada por um erro contabilístico da minha secretaria...” alegou cegamente. Claro senhor ex-MEP(parlamentar), o senhor foi enganado por um funcionário fantasma, que agora fantasmagoricamente aparece em forma de exagero e dificilmente acreditam que o senhor, eleito para representar o povo numa posição privilegiada, trabalho de escritório, gravata, sapato engraxado, e ainda o senhor não consegue viver com o que já possui, “...sim vamos devassar o sistema...” esse deve ter sido seu plano quando antes ainda era apenas um sonhador, ou um vendedor de sonhos, que conseguira convencer as pessoas quando angariava votos. Mas esses pesadelos ou visões de fantasmas infernais que agora perambulam a vossa vizinhança, esses o senhor, ou ex-vossa-excelência, certamente que não os contou pra Seu ninguém. Essa corja política não é uma doença que frequenta apenas a freguesia brasileira não! Fraudam os cofres públicos, dinheiro suado do trabalhador honesto em forma de impostos. Sim! Porque o desonesto não paga imposto! O desonesto arranca o máximo, afirma o mínimo e esconde-se na vergonha de ser sem vergonha. Porque nada mais justo, quando na injustiça encontramos todos nós, sustentando um sistema corrupto político mundial, onde o poder na mão de poucos não funciona sem corrupção, e o mesmo na mão de todos não consegue seguir em frente. Certo é "Ela", digníssima, que na hora de uma notícia como essa pensa em condimentos. E por falar nisso, durante os dois anos que o senhor ex-MEP estiver preso, faço votos que o sirvam em todas as refeições jalapeno peppers, e se possível acompanhado de um bom vinho, que é pra refrescar a língua, já que o resto vai ser meio complicado refrescar!

quinta-feira, março 04, 2010

Nunca sabemos para onde vai!

Há alguns dias uma amiga defendeu com quase unhas e dentes o fato de ajudar os mais necessitados nessas campanhas que nos aparecem todos os dias na TV ou rádio. Tentei argumentar dizendo que não ajudava porque não tinha certeza se o dinheiro iria realmente chegar ao destino por vezes anunciado. Disse que tinha minhas dúvidas quanto a honestidade de algumas organizações. E certamente que fui mal interpretado. Quando digo destino de somas arrecadadas, digo milhões de dólares ou libras. Resolvi então calar a boca e ouvir o que a colega tinha a dizer sobre o assunto. Entre muitas coisas desencontradas ela acertou em dizer: "...tenho a consciência tranquila, pois a minha parte eu estou fazendo...". E a partir daí tive que dar a mão a palmatória. E com o rabinho entre as pernas quase que coloquei o meu celular pra fora e fiz uma doação pra qualquer que fosse o veículo arrecadador que estivesse em voga. No caso específico: a campanha no Reino Unido pra ajudar o Haiti. O delírio durou pouco e tão rápido foi tirar o telefone do bolso como colocá-lo de volta. Mas ontem no News of the World, apareceram as alegações de que os 40.000.000 £ ou 107.657.714,47 R$, arrecadados na década de 80 no famoso Live Aid Concerts, foram utilizados para financiar a guerra civil na Etiópia. Apenas 5% do valor citado serviu para combater a fome dos etiopes. Por isso quando os indivíduos, em sua maioria celebridades, aparecem em movimentos arrecadando dinheiro em ajuda aos mais necessitados eu me pergunto se não fazem isso pra conseguirem mais desconto nos impostos, porque afinal de contas, devem pagar pelo menos 40% do que ganham em impostos. Lembro do ano passado quando arrecadaram novamente millhões de libras pra o tal Sport Relief. Mas nunca podemos nos esquecer que estas organizações tem seus custos e seus funcionários. Onde diretores executivos tem salários de executivos, viajam de avião e não montados no lombo de um jumento. Não adianta. Você pode dizer o que quiser, mas se quer mesmo fazer a diferença tem que ser como o John Travolta: pega o jatinho, carrega com tudo que o "outro" vai precisar e vai "là-bas" pra resolver o problema. De consciência tranquila mantenho meu telemóvel no bolso, e sei que vai ter gente pra me crucificar por isso, mas se não houver órgãos que coordenem a distribuição correta desses fundos arrecadados, podemos acabar financiando a morte e não a salvação.